Enquanto isso, lá na terrinha

Lá de onde eu venho, eleição é coisa assim das fáceis de votar.

Tem o candidato de bandido e o candidato meu vizinho.
Quando os dois não são um só, fica bem fácil escolher.

O candidato do bandido faz demagogia e pinta escola por fora com a nova cor da prefeitura dele.
O meu candidato meu vizinho faz uma piscina na APAE se a vizinha dele lembrar que não tem uma piscina lá. Ele faz favor pra todo mundo sem cobrar, afinal é nosso vizinho.

Difícil fica pra quem não é vizinho e também não é parente de bandido.

Pra votar em vereador também é bem simples.
Tem meu primo e o primo dele.
Eu voto no meu primo, afinal...família, né?

Não é bem mais simples um sistema eleitoral onde tem os meus e os deles?
Ninguém precisa escolher, não tem escolha.

Mas o mais bacana da eleição lá são as fofocas pessoais
Você fica sabendo quem traía quem há 20 anos atrás.
Bom pai de família é tão bom que descobrem que ele tem inclusive duas famílias.
A vereadora é tão ativa que tem até dois parceiros.
O bom partido da cidade comprou voto fazendo 3 filhos na periferia.
O bom e velho tradicionalista bateu na mulher, mas foi uma vez só e ela mereceu, né, gente?

Adoro eleição no interior.
Me lembra muito aquele livro "O Cortiço" do Aluísio de Azevedo.
Qualquer dia a gente descobre o que alguém não fez por um coelho...

Eleições Paulistanas. Porque não votar em São Paulo.

Sobre as eleições paulistanas, a primeira coisa que eu tenho a dizer é: ainda bem que eu não voto aqui, não quero ser responsável por qualquer tipo de resultado que essa sinuca de bico acabe, porque o sinucado é o eleitor e não dá pra se sair bem dessa.

Por que?
Eu queria ressaltar que é a minha opinião, mas como esse é meu blog qualquer coisa que eu escrevo aqui é minha opinião, certo?

Qualquer um que vá votar pra prefeito com 100% de certeza que o seu candidato é o melhor já tá errado.
Qualquer um que consiga defender um candidato à prefeitura de São Paulo com unhas e dentes é porque não acompanhou nada da política e da gestão da prefeitura nos últimos anos.

Marta
Geralmente, eleitor de Marta é um dos tipos mais chatos porque tem muito lulista.
Lulista não é quem vota no Lula. É que vota cegamente no mito do Lula. É quem crê sem ver e prefere nunca ver. É aquele que acha mesmo que ele não sabia de nada. É quem não quer perder a esperança de ter acreditado por tanto tempo.
Votar por ideologia é tão ridículo quanto fazer protesto pró-sem terra na Av. Paulista sem nunca nem ter visto um acapamento na vida.

Em primeiro lugar, o político precisa ser um bom gestor. Ele não precisa ser bom de coração, mas precisar saber administrar, licitar, delegar funções, distribuir verbas entre as várias áreas da prefeitura como um bom CEO faz numa empresa.
Se o cara não é bom de conta, precisa achar quem seja...O Lula não conta até 10, mas conhece quem conte.
Já a Marta não conhece.
Licitou obra dos túneis...dias depois despecam
Licitou construção dos Céus...90 dias depois, já tem água brotando de tudo que é canto.
Fora que gastou muito pra fazer muito, mas pra poucos. Os Céus atendiam 5% só da periferia no total.
Licitou empresa de lixo...sem comentários...
Não conseguiu comprir a lei de responsabilidade fiscal...pelo óbvio.
Não to julgando a boa ou má intenção ou índole da candidata. To só vendo no que deu a gestão dela.
Não sei se ela é boa pessoa, mas má gestora com certeza. Se eu tivesse uma empresa ela não seria presidente, não seria minha assessora se eu precisasse de uma...

Alckmin
Não é um líder.
Político precisa ser político. Precisar ser também um pouco Lula da vida.
O Alckmin ta mais pra assessor de político. Aquele cara que tem idéias, sabe executar, faz produção, mas não precisa falar com a imprensa e nem reunir consenso em torno dele.
Ele não conseguiu nem que o Serra do próprio partido, amigo de piscina, ficasse do lado dele.
O Alckmin já tenho a impressão de que tem boas idéias e intenções, mas isso não me interessa se ele não é capaz de colocá-las em prática porque não tem força pra reunir apoio.
Não gosto de ficar só na promessa do potencial sabe...

Kassab
Todo mundo falou mal na primeira eleição.
Melhor prefeito que São Paulo já teve nos últimos...sei lá... 20 anos.
Ele fez muito mais pela cidade?
Não.
Ele fez o básico, fez a obrigação.
Fez o que um prefeito razoável precisa fazer.
É por isso que todo mundo na campanha fica culpando a gestão anterior por tudo e só ele tem o que dizer sobre o que realmente fez.
Tomou um monte de medida impopular.
Cidade Limpa: sacaneou empresa de publicidade, grandes marcas, imobiliárias, construtoras, pequenos e médios comerciantes e...fodam-se, a cidade ta melhor assim.
Lei do Psiu: Nossa, essa sacaneou todo mundo vai, bar fechando a uma da manhã...mas até hoje não vi ninguém dizendo que ta errada a lei.
Rodízio dos caminhões: adorei! Já muitas empresas e sindicatos não.
Votaria nele pras próximas eleições?
Não... Por quê?
Não acredito em reeleição nenhuma e nem nas boas intenções do Kassab.
Primeira gestão "exemplar" (se é que a palavra exemplar se aplica em política), na segunda, vem roubalheira, pode apostar!!!!
A essa hora já ta todo mundo fazendo pesquisa de preço de apartamento de luxo em 2009, viagens e bancos em Cayman.

Soninha
Acho a Soninha uma baita ativista, pessoalmente fofíssima e simpática, cheia de boas idéias, boas intenções, muita iniciativa...tudo que alguém precisa pra ser massacrado na política.
Só ela concorda com o pedágio urbarno porque não quer parecer que muda de opinião diante de uma medida impopular. Ela já parou pra pensar que o argumento dos outros candidatos está certíssimo? Pedágio urbano é só mais uma forma de promover a desigualdade de oportunidades sociais e privilegiar os mais ricos.
Voto na Soninha lá por ...deixa eu ver...2020?? Será que já dá?

Maluf
Só tem um tipo de eleitor que sabe o que ta fazendo, eleitor do Maluf.
Maluf é aquilo e todo mundo sabe e quem vota é porque concorda.

Ta vendo porque eu sou feliz de não votar em São Paulo?
Porque ao final desse post eu tive que concluir que só eleitor de Maluf é eleitor consciente.
Só eleitor de Maluf sabe o que ta comprando...
Mas é claro que eu to generalizando...o que não importa muito em termos de eleições, porque na democracia é a maioria geral que conta mesmo.